sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Diesel Pub

Hoje é sexta-feira (urru!), dia de Festival Varadouro e dia de Diesel Pub (boate suuuper badalada que tem aquele canhão de luz igual ao do Batman em Gotham City).

Festival Varadouro já foi comentado aqui, mas e a Diesel?
Pois é... Depois de um daqueles estardalhaços feitos pela mídia, ninguém mais lembra que a tal Boate fechou por não obedecer a uma SÉRIE de normas exigidas para o funcionamento de uma casa noturna. É meu caro amigo da Rede Globo, como era de se esperar, no final das contas prevaleceu o ar provinciano de Rio Branco onde fulano conhece ciclano e por isso faz um ou outro favor pro mesmo.

Fatos:

1º - O maior livro que eu consegui ler em uma noite (em torno de 6 horas) foi O Alquimista, do Paulo Coelho. Não que isso seja importante, mas analise bem. O Ministério Público entrou com um recurso que vedava o funcionamento da referida casa até que fossem normatizadas as regras de segurança (isso é claro depois de esperar 45 dias pra que tais pendências fossem resolvidas), isso foi feito em uma sexta-feira (quando de fato a boate foi lacrada) e no sábado pela manhã já havia sido declarado favorável o parecer da Desembargadora Miracele Lopes quanto ao funcionamento do local. O tal processo tinha 300 páginas.

[ironia]Íncrivel como cursos de leitura dinâmica são úteis né? Queria eu aprender a ler assim. É claro que ninguém desconfia que isso pode ter sido algo relacionado ao contrato pra fornecimento de gasolina que o dono do posto tem com a Secretaria de Segurança Pública há alguns anos, ninguém desconfia também do parentesco dos 3 "empresários-independentes-nascidos-em-berço-de-ouro" tem com um certo Promotor do MPE, ou com um certo Deputado, ou ainda com gente que financia a campanha daquele partido comPTente [/ironia]


2º - A obra toda foi considerada irregular à época da construção, chegando ao ponto de ter sido embargada , mas incrivelmente, como que por milagre (sim, já que para pessoas "comuns" isso NUNCA acontece) ela conseguiu ter o aval de construção e funcionamento.

Segundo o documento expedido pelo ministério público no último dia 16.09.2008 o prédio havia recebido o aval para o funcionamento de um posto de abastecimento de veículos e áreas de apoio do tipo atendimento, loja de conveniência, troca de óleo, cozinha, depósito, salão e banheiros. Conseguiu entender bem? (cadê a Boate?)

Só pra esclarecer, como a entrada pra Diesel se dá unicamente através do Posto de Gasolina e os mesmos estão distantes apenas 13 metros um do outro (sendo que a distância mínima nesse tipo de estabelecimento é de 100 metros), há risco de segurança pra todos os que se encontram no local e próximos a ele, já que como disse a Promotora Alessandra Garcia Marques - "o Auto Posto Parque transformou-se em um ambiente freqüentado por um grande número de jovens de diversas idades e de camadas sociais mais abastadas nos finais de semana, tornando-se, a partir das sextas-feiras, um verdadeiro ponto de encontro e de badalação, sempre acompanhado, logicamente, de consumo de bebidas alcoólicas, cigarros, uso constante de celulares e outros eletrônicos de uso pessoal." - Ou seja, gente rica bebendo fica engraçadinha e acaba mandando tudo pelos ares (literalmente).

Copiado do Blog do Altino, essa imagem foi feita pelo Braga.


É incrível como as pessoas que têm meia dúzia de parentes influentes conseguem as coisas de maneira mais fácil né?

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Varad'ouro



Teve início no último dia 20 de Setembro um dos mais importantes festivais de música e produção cultural independente da região Norte do país. Poderia ser em Manaus, em Belém ou até em Porto Velho (éca!), mas não, o festival acontece no Acre!

Por mais incrível que possa parecer, o festival Varadouro (é assim que se escreve, e não como o título infame deste post) é um dos festivais que vêm ganhando grande representatividade no cenário underground nacional, e assim como a Parada Gay só tem visibilidade no que se refere aos dias de shows, perdendo a atenção do grande público na parte da programação cultural propriamente dita. Tudo bem que não seja necessariamente do meu interesse a Oficina de Grafitte, a Oficina de Moda Independente ou o Almanaque de Produção Cultural, mas muita gente tem trabalhado em cima da qualidade do serviço prestado e também há muita gente que se disponibiliza em participar das referidas Oficinas, isso tudo de maneira bem ace$$ível.

Nos ápice do Festival (que ocorrerá nos dias 26 e 27 de Setembro) haverá um total de 22 apresentações musicais de diversas bandas independentes. Hip-Hop, guitarrada, música instrumental índigena e mais uma porção de estilos que tem a pretensão de fazer do Festival uma atração que agrade a todos os ouvidos presentes.
Particularmente, apesar de acreditar que o Varad'ouro seja um forte instrumento de consolidação da cultura Acreana (sem trocadilhos infames), sei que ele faz parte do cenário independente musical Brasileiro como já comentado aqui e tudo o que é independente me lembra Los Hermanos e com eles eu realmente adoto a frase da Aline Dorel (Terça Insana - Lexotan) - ôôôÔÔôôÔÔÔÔôôôôÔôÔÔ deixe-me ser burro, ser intelectual dóóóóii demais! - talvez por conta disso eu mais um ano acompanhe só os bastidores do acontecimento.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Cultura Regional

No último sábado, dia 20 de Setembro estive na Casa dos Povos Índigenas, situada no Parque da Maternidade. A princípio eu e mais dois amigos entramos só para buscar abrigo da chuva que ameaçava cair mas acabamos tendo uma longa conversa com os dois estagiários presentes na casa a respeito da valorização da cultura local por parte dos próprios Acreanos.

Segundo um deles (que inclusive é da tribo dos Maxineri), as visitas de estrangeiros são mais frequentes do que as visitas de quem nasceu e foi criado por aqui e isso é algo notado (e criticado) pelos turistas que sabe-se lá por qual motivo vem ver aquela borboleta que só existe no Vale do Juruá.

Convenhamos... no nosso Estado as pessoas sabem mais do que se passa no Eurovision ou na MTV Hits do que sobre as belas lendas que fazem parte do imaginário índigena. É incrível como temos (sim, eu também faço isso) a capacidade de deixar de lado todo o conhecimento da cultura regional a troco de um punhado de "estrangeirices". Tomo como exemplo eu mesmo. Nesse mesmo sábado fui pro meu cursinho de Inglês onde aprendi como me situar quando estiver fazendo meu Mestrado na Nova Zelândia, depois disso fui comer Sushi tomando H2OH. Não que esse blog tenha virado um diário de bordo, mas é que não lembro de ter ido sequer uma vez ao Palácio Rio Branco ou ao Parque Chico Mendes, mas já não consigo contar quantas vezes fui comer comida Árabe ou Japonesa. Também tem a questão das comemorações, lembro bem quando é o Independence Day Norte-Americano, mas não faço idéia qual o dia da Revolução Acreana, incoerente não?!

Temos uma cultura rica sem precisar recorrer a Europa, a China ou a qualquer outra lugar, o estabelecimento da identidade do povo que aqui reside só será concretizado quando nos dermos conta de que mais Dinamarqueses já viram uma onça no seu habitat do que nós mesmos.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Semana da Diversidade, Marcha Para Jesus e Afins...

Aderindo aquele clichê cafonérrimo, em Rio Branco as coisas já não são como antigamente. Hoje em dia, para se estar no topo da cadeia social não é necessário ser só um funcionário público ou membro do alto (e médio) clero do Poder Executivo Estadual, você também tem que pertencer a alguma massa de manobra dominada por pessoas que nos seus devaneios julgam possuir um certo “ar” de liderança. Com base nisso, foram criados dois grandes movimentos que englobam em suas raízes os quatro segmentos básicos da sociedade local. Não sei qual deles surgiu primeiro, mas ambos são de uma mediocridade irritante. Em suma, falo da Marcha Para Jesus e da Semana da Diversidade (que culmina no carnaval fora de época mais badalado da cidade, a Parada Gay).

Ambos os eventos possuem MUITA coisa em comum, sim, mesmo parecendo algo incoerente, os dois apresentam na sua essência aquela manipulação desregrada, que envergonha a todos aqueles que têm um mínimo de pudor, e mesmo sem esse, que têm senso do ridículo. Afinal, como é que alguém sai do conforto da sua cama pra andar durante 3 horas debaixo de um sol tórrido? É muita vontade de querer fazer parte de algo...

Vou me explicar. A Marcha é realizada pelo movimento das igrejas no modelo dos 12 (aquele, que tem a célula e um líder, os discípulos desse líder criam suas células e fazem mais discípulos, até que todos os 7 bilhões de pessoas corram com suas ofertas atrás do Renê Terra Nova, o que na minha opinião caracteriza mais o sistema de reprodução de vírus do que de células, mas enfim...), que tem um grupo de Pastores afrente conduzindo os fiéis e dizendo qual é a importância de ganhar pessoas para Cristo e que Satanás ronda a todos que não oram e vigiam (e eu que achava que Satanás fosse o cachorro da Dona Clotilde).

Já na Parada Gay (ou Parada Beesha como andam falando por aí), tem um grupo de Lésbicas e de Homossexuais que andam falando que Rio Branco precisa acabar com o preconceito, que precisamos lutar pelas igualdades entre os Heteros e Homos, entre o Tom e o Jerry e entre o Bob Esponja e o Lula Molusco. E com essa balela levam (quase) todos aqueles que não vão para a Marcha e fazem uma grande festa [ironia] a favor da democracia [/ironia].

Minha gente, do mesmo jeito que a religião é o ópio do povo, a demagogia também afeta a mente dos fracos. Todas as religiões devem ser respeitadas, mas os evangélicos acreditarem que com uma caminhada conseguirão converter todos os infiéis da cidade além de na mesma tacada abençoar os quatro cantos, (como eles mesmos dizem) é forte! Da mesma maneira, os homossexuais também não devem esperar mais respeito quando eles mesmos na sua Parada se estereotipam.

O fato é que ninguém precisa de outras pessoas para fazer clamor pra Cristo e também não precisa de ninguém fazendo carnaval em nome de um Estado laico de Direito, o que as pessoas precisam é de vergonha na cara, sim, independente de raça, cor, religião, sexualidade ou qualquer outra coisa envolvida, somos todos seres humanos e precisamos lutar em função de um mesmo objetivo que é a busca pelo desenvolvimento pleno, a educação de qualidade e a reversão dos quadros de miséria que fazem sombra a constante soberba da “elite”.